Nesta segunda-feira (08) foi a vez do Ratos de Porão fazer de uma segunda desacreditada, uma noite épica. A banda foi a responsável de encabeçar a edição de Agosto do projeto Segunda Maluca, no Opinião.
Os arredores da casa já acusavam o que aconteceria algumas horas mais tarde. A tribo Trash/Punk/Hardcore tomava conta desde o Cachorro do Hélio até a esquina do Opinião. Uma grande massa distribuída em filas, rodas de amigos e de fãs, todos aguardando ansiosos pelo grande show que estava por vir.
A abertura da festa ficou por conta do punk rock bruto do Pupilas Dilatadas, que deu o tom certo para esquentar o público pra tudo mais que ainda viria.
Pontualmente às 23:05, soa o primeiro riff da guitarra pulsante de Jão, guitarrista do RxDxP. A banda já estava no palco quando João Gordo adentra o palco do Opinião, sorrindo e inflamando a platéia. Do alto de seus 52 anos, o vocalista ainda leva o público no seu ritmo - ou pelo menos acompanha o ritmo do público.
A banda volta a Porto Alegre na turnê de comemoração dos 25 anos do lançamento do álbum Anarkophibia, de 1991. Não demorou quase nada até começarem as rodas punks, banhos de cerveja e invasões do palco - tudo isso em um show do RxDxP é protocolo. Apesar de ser um disco controverso na história da banda - decepcionando muitos fãs na época por pender muito mais pro Trash do que pro Punk -, o repertório agradou a todos que pulavam insanamente no Opinião.
João Gordo continua muito polêmico, como sempre foi. Depois de afirmar que “no Brasil é mais bonito dizer que é estuprador do que dizer que é veado”, João Gordo dedica Igreja Universal para Marcos Feliciano - percebem a ironia? Em outra oportunidade mandou um recado para os fãs que o chamam de traidor do movimento, quando disse “traio o movimento há mais de 20 anos, mas continuo aqui”. O público não parecia tão preocupado se o vocalista é assim tão fiel no seu relacionamento com o punk, cantou todas as músicas em uníssono como se o disco fora lançado neste mês.
Com direito até mesmo a um cover de Ramones, o RxDxP sai do palco depois de mais ou menos uma hora e meia de show, que incluiu também sucessos de outros álbuns do grupo.
O resultado da noite foi um espetáculo fantástico, de muita pressão e um certo caos controlado. A cena trash/punk presente se quebrou toda, mesmo que tenham saído todos ilesos.
Por mais festas Punk. A cultura agradece.