CENA HÍBRIDA 25OUT COM IARA DEODORO E DINORAH ARAÚJO
Nesta segunda, nosso programa tratou de um tema muito importante para a classe artística, que é o pleito pela aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 73/2021, que poderá dar origem à Lei Paulo Gustavo, em homenagem ao ator que faleceu por complicações da Covid-19 (virando estimativa em meio a outros mais de 600 mil óbitos por conta da doença).
Desde junho, está acontecendo uma grande mobilização nacional entre artistas, técnicos e fazedores de Cultura para pressionar senadores no sentido de agilizar a votação no Congresso Nacional. A questão é que, impedidos de trabalhar, milhares de profissionais da área cultural estão passando por grandes dificuldades financeiras e até emocionais, em vista da paralisação das atividades por conta da pandemia. Infelizmente, apesar de já se ter confirmado cerca de 60% dos votos favoráveis no Senado – a aprovação ainda não ocorreu, porque a votação já foi adiada três vezes.
O PLP poderá canalizar R$ 4,3 bilhões para os trabalhadores do setor cultural até o fim de 2022. Esse dinheiro chegará em forma de auxílio emergencial e também por editais de financiamento de trabalhos. Proposto pelo senador Paulo Rocha (PT-PA), o projeto de lei é baseado no modelo da Lei Aldir Blanc (LAB) que foi aprovada e executada em 2020 -, e busca destravar recursos do Fundo Nacional de Cultura (FNC) e do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) no orçamento de 2021 e vedar futuros contingenciamentos ou outras formas de limitações do empenho de recursos para dos dois fundos.
"Esta é uma verba do próprio setor cultural”, destacou a produtora, atriz e jornalista Dinorah Araújo durante a nossa conversa. Um dos pontos que integram a luta dos comitês que trabalham por esta aprovação, é que a verba contemple também comunidades quilombolas, aldeias indígenas, mestre griôs, circos itinerantes, ciganos, entre outros artistas periféricos que ficaram de fora da LAB, por terem dificuldade de preencher os editais e formulários para auxílio emergencial lançados pelo poder público – ou mesmo por sequer terem ficado sabendo da existência da lei. No Rio Grande do Sul, o comitê Paulo Gustavo conta com mais de 300 membros, incluindo as duas entrevistadas desta edição do programa.
"Uma das propostas é que o governo realize uma busca ativa, para fazer um mapeamento destes artistas”, destacou a mestre Iara Deodoro, que é uma referência na Cultura no Estado. Dançarina, coreógrafa, produtora, diretora e professora, ela está há quase meio século na coordenação das atividades do Instituto Sociocultural Afro-Sul Odomodê e já dirigiu mais de 30 espetáculos do Grupo Afro-Sul de Música e Dança, além de atuar desde a década de 1980 no Carnaval de Porto Alegre.
Dinorah também lembrou que do total proposto para ser distribuído entre os estados, Distrito Federal e municípios, R$ 2,8 bilhões serão voltados para os trabalhadores do audiovisual, que já enfrentavam dificuldades para tocar seus projetos desde 2019, com paralisação da Agência Nacional de Cinema (Ancine).
A Lei ainda prevê que a forma de distribuição desses recursos deverá ser descentralizada e autônoma entre cada linguagem artística. Mas tudo isso está levando meses, enquanto muita gente literalmente passa fome. Não à toa, milhares de cestas básicas já foram doadas entre os fazedores de Cultura no Rio Grande do Sul e em outros estados.
Pois é, queridxs: é um universo complexo este – de ser artista no Brasil, um país que não valoriza a Cultura e que atualmente trabalha pelo desmonte do setor. Mas os trabalhadores da área (que movimenta uma cadeia imensa, desde atores, músicos, dançarinos, escritores, cineastas, artistas visuais, artistas circenses, programadores, técnicos, produtores, estilistas, cenógrafos, artesãos, até costureiras, motoristas, pessoal da limpeza, do lanche, e por aí vai) seguem na luta e na resistência. Para entender melhor o contexto, e – de quebra – saber um pouquinho mais do trabalho individual de cada uma das nossas convidadas, chega junto, aperta o play e #escutanóis!
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