Bom dia

Meu nome é Eduardo e trabalho nos Correios desde 2004.
A respeito da noticia divulgada na quinta feira 08 de outubro sobre os 8 milhões de correspondências em atraso é preciso esclarecer alguns pontos.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos pertence à administração indireta, não recebe recursos do governo federal, pelo contrario, destina 75% do seu lucro, que é grande, aos cofres públicos.
Além disso desempenha um papel social que é fundamental para a sociedade, pois vai aonde ninguém mais vai. Em muitas localidades distantes e pequenas cidades é na agencia dos Correios que a população faz o CPF, abre sua conta bancária, enfim, se conecta com o mercado.
Um exemplo clássico: O cliente quer mandar uma encomenda para o interior do Pará e posta seu produto no Mercado Livre. Pois o próprio Mercado Livre reposta nos Correios porque eles não chegam ao interior do Pará. Usei este Estado como, mas aqui no Rio Grande do Sul existem muitas cidades isoladas.
Com o mercado de encomendas em plena expansão qualquer empresa de entrega precisa mão de obra específica para prestar um serviço que qualidade e é aí que as coisas se complicam.
Os Correios não fazem concurso há dez anos, isso mesmo. Dez anos! Em todo este período tivemos vários Planos de Demissão Voluntária e funcionários se aposentando. A conta é simples. Falta muita gente pra trabalhar e a empresa achou uma solução mágica na contratação de mão de obra terceirizada com contrato de três meses, ou seja, de três em três meses a troca de terceirizados não produz efeito num quadro de acumulo de trabalho. Precarização total das relações trabalhistas.
Pra finalizar , o pior, a maldita intervenção política, que sempre existiu, mas nos últimos anos se sofisticou, TODOS usam a empresa para suas costuras político partidárias e isso não pode ser feito em empresas do porte dos Correios,temos administradores postais altamente qualificados que estão fora do comando, que abriga sempre os que se alinham ao projeto de desmanche da empresa. Aí a opinião pública acha que a solução é privatizar. Ledo engano. Entregar o serviço que os Correios prestam à iniciativa privada é deixar mais de 3 mil municípios sem atendimento e outras tantas com atendimento precário, ainda assim, cobrando taxas mais caras que uma empresa pública.
O que a população deve exigir é serviço público de qualidade, porque os Correios, a Corsan, a CEEE, a Carris são das pessoas e não de governos corruptos.
Desculpe o desabafo mas é muito triste ver uma empresa com tanta história terminar assim.

Grande abraço