Sign in / Join

CENA HÍBRIDA QUA04OUT COM GUADALUPE CASAL, SUZANA POHIA E RAFAEL SIEG

No início de outubro, conversamos com o diretor da peça “220 Cartas de Amor”, Rafael Sieg, que é gaúcho, radicado no Rio de Janeiro, e aproveitou passagem pela cidade para nos contar da peça, que vai estrear na próxima terça, dia 31 de outubro, às 21h (com apresentação única) no Theatro São Pedro. Além de Sieg, que integra a Companhia de Teatro Íntimo (com 12 anos de estrada), também conversamos com a autora da peça infantil Lúcia e o Navio-espaçonave, Suzana Pohia, que esteve na DFM com a diretora da peça, Guadalupe Casal, para falar do projeto.

Ele morava em Porto Alegre. Ela, em Santa Maria. Mesmo cinco décadas depois, ao abrir e ler as cartas, é possível perceber que o amor segue lá, vivo e turbulento como costuma ser. E traz consigo outras histórias. Histórias de uma época em que as distâncias pareciam maiores e o tempo era realmente outro. Criado a partir das cartas trocadas pelos pais do ator Renato Farias quando eram namorados, entre 1956 e 1962, o espetáculo “220 Cartas de Amor” fala da correspondência de Maria de Lourdes Lang e Lourenço Renato Medeiros de Farias, mas também de feminismo, de romance, de política, de cinema e muito mais. “Optamos por um caminho mais documental, mas com liberdade para algumas licenças poéticas. A dramaturgia se dá a partir da relação de amor construída através das cartas. A distância entre eles acabou nos parecendo fundamental para que o amor perdurasse”, comenta o diretor do espetáculo.

O material encontrado por Renato após o falecimento de seu pai, em 1998, ficou guardado por quase 20 anos. Quebrando estereótipos, “220 Cartas de Amor” apresenta um casal onde o homem não tem medo de ser romântico, lírico e delicado. Enquanto a mulher (representada pela atriz Gaby Haviaras) se permite ser mais retilínea, racional e objetiva (além de despojada e com uma atitude que, mesmo pelos padrões de hoje, pode ser considerada feminista).

Formada em 2005, a Companhia Teatro Íntimo (RJ) propõe em seus trabalhos que não haja barreiras entre atores e espectadores – de forma que a comunhão não se dê apenas no aplauso final, mas, sim, antes, durante e depois dos espetáculos. Conceitos como horizontalidade, singularidade, intimidade, afeto e a importância da palavra poética traduzem o foco da pesquisa do grupo, que conta com outros 16 integrantes. No currículo da Cia, constam espetáculos como “Os Dragões” (2005), “Veridiana e eu” (2006), “Cuidado com o Cão” (2007), “Degustação Poética” (2008/2009) “Histórias da Democracia” (2008/2009), “Adélia” (2010), “8 Solos Acompanhados” (2011), “Dorian” (2012), “Ere, Piá, Curumim” (2013), “João Cabral” (2015); entre outros.  Agora de passagem relâmpago pela Capital gaúcha e também por Santa Maria (onde se apresentam, no dia seguinte no Theatro Treze de Maio), a Cia chega para homenagear as duas cidades que servem cenário para o mote do espetáculo. Recomendadíssimo! Assitam!

E no último Dia das Crianças (12 de outubro), teve estreia do espetáculo infantil Lúcia e o Navio-espaçonave, que contou com plateia lotada!!! A apresentação integrou o Festival de 50 anos do Teatro de Arena e marcou a estreia das queridas Suzana Pohia na dramaturgia e Guadalupe Casal na direção do espetáculo. Elas estiveram na DFM pra falar do projeto, que surgiu através do texto que Suzana escreveu ao participar de uma oficina de roteiro em 2014.

O enredo acaba retratando muito da realidade de muitas pessoas: filha morando com a mãe, “por isso, a opção pelas profissionais mulheres no projeto”, explica Suzana. A história conta o dilema da menina Lúcia, que já não brinca mais de boneca, e prefere seu navio-espaçonave – que é uma caixa na verdade, hehe. Ela tem também uma amiga de escola, daquelas boas, com quem conversa sobre o que a aflige. Sabe? Que dá para conversar no caminho de ida, de volta e ainda telefonar de casa. Quarta-feira é dia de pizza na casa da Lúcia, mas de repente tudo tá meio diferente. Chegou a avó com seu cachorro e provocam uma verdadeira revolução na vida já organizada de Lúcia e sua mamãe – uma delas é trocar a pizza por sopa! Para piorar, o cachorro estraga o navioespaçonave. (Onde agora Lúcia vai se esconder para refletir sobre a injustiça de ter que trocar pizza por sopa?) Lu e a avó vão cedendo, aos pouquinhos, elas se estudam, se desculpam, se reparam, se preparam... Quando de repente um grande acontecimento acaba por aproxima-las mostrando que toda família tem seus dias de pizza e de sopa também!

Guadalupe explica que a peça nasce da reunião e vontade do coletivo de mulheres que compõem a ficha técnica de buscar, tanto mais espaço no mercado de trabalho, quanto narrativas que retratem vivências semelhantes às que tiveram na infância e que poucas vezes são vistas no teatro feito para crianças. O processo de criação foi baseado no vínculo tanto no plano ficcional quanto no jogo real entre as atrizes em cena, no afeto que afeta. O elenco é formado pelas atrizes Débora Maier, Qex e Ursula Collischonn. Na parte técnica, Casemiro Azevedo e Morena Bauler assinam a trilha sonora original. A iluminação é de Carol Zimmer e a cenografia de Lara Coletti. O projeto recebe a orientação pedagógica de Catharina Silveira. Em breve, a galera deve estar de volta aos palcos! Se liguem e levem xs pequenxs! Espetáculo para “toda a família”!

Por: Adriana Lampert

Cena Híbrida tem apoio de:

Leave a reply