CENA HÍBRIDA 11JUL COM JAIRO KLEIN E RENATO DEL CAMPÃONesta segunda-feira, nosso programa - que retorna após duas semanas de intervalo - foi dedicado a falar sobre o poeta Fernando Pessoa e sobre o projeto Espaçonave, da Cia. Teatrofídico, comandado pelos artistas Renato Del Campão e Eduardo Kraemer, que (desde setembro do ano passado) têm fomentando, semanalmente, apresentações de artes cênicas diversas no Bar Ocidente (Av, Osvaldo Aranha, 960 - bairro Bom Fim).
Pois é justamente dentro da programação do Espaçonave que o ator Jairo Klein desembarca para levar ao público seu mais novo espetáculo, criado em torno do universo do poeta português. Intitulada O Outro, a peça traz poemas inéditos de Fernando Pessoa, interpretados por Klein, que realizou uma extensa pesquisa para encontrar estes textos durante o período de isolamento social, por conta da pandemia de Covid-19 (que ainda não acabou, né mores?!).
Para esmiuçar melhor esta proposta cênica, que vai ocupar o palco do Ocidente nesta quarta-feira (13/07), a partir das 21h, os nossos convidados desta segunda-feira foram (como não poderia deixar de ser) o ator Jairo Klein e o ator, diretor e dramaturgo Renato Del Campão. Eles detalharam como ocorreram os processos criativos do espetáculo, que conta com direção artística de Kraemer e Del Campão; e pincelaram sobre os critérios adotados para promover a diversidade no Espaçonave (que, repito, vem promovendo apresentações de muitos artistas e grupos distintos), além de abordarem fatos relacionados sobre ambos os trabalhos.
Klein contou como a pandemia influenciou na escolha dos poemas, e de que forma o espetáculo O Outro se torna contemporâneo, não apenas através da estética eleita pelo artista, mas também pelos questionamentos apresentados pelo poeta português, que - mesmo tendo escrito sua obra no decorrer dos primeiros anos do século passado (ele faleceu em 1935), é incrivelmente contemporâneo - muito por conta de tratar de assuntos um tanto quanto existencialistas.
No caso da peça que será apresentada no Ocidente, Klein elegeu poemas desconhecidos do grande público, num movimento contrário ao que fez quando concebeu outros trabalhos em torno de Fernando Pessoa, que podem ser conferidos em uma trilogia que vem sendo executada no decorrer de 30 anos de pesquisa do ator. O mais famoso deles é Eu, Pessoa, e Outros Eus, que já foi encenado em diversos estados brasileiros e, por duas ocasiões, em Portugal.
Para a montagem deste novo espetáculo, Klein contou com recursos da Lei (emergencial) Aldir Blanc, por meio do edital Criação e Formação - Diversidade das Culturas, executado pela Sedac-RS, através da Fundação Marcopolo (lembrando que estes recursos foram retirados do Fundo Nacional da Cultura e que todos os artistas brasileiros tiveram direito a concorrer em editais em todo o País, durante o período mais crítico da pandemia).
Passado o período de isolamento, os teatros começam a receber novamente o público, o que alimenta não somente o corpo dos artistas, mas também a alma - porque sem fazer arte, um artista existe pela metade. E sem cultura, as pessoas se tornam rasas e vivem no piloto automático que a Matrix dirige. Por conta disso, os idealizadores do Espaçonave, mais uma vez, deram um passo de vanguarda, quando ainda era necessário (e eu acho que continua sendo) as pessoas usarem máscara e manterem distanciamento. Foram lá, chamaram artistas que estavam parados aguardando um milagre e iniciaram um caminho de volta definitiva aos palcos. Tudo isso, com o apoio do Bar Ocidente, que é outro exemplo de resistência cultural nesta cidade. Um viva para todxs xs envolvidxs! Que a arte novamente (R)exista!
Para escutar nosso bate-papo (que tá ótimo, pra variar), aperta o play e #escutanóis!
OBS: Este programa tem APOIO do Meme Estação Cultural
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